Pelo menos até a vinda da InquisiçãoA Inquisição (tribunal eclesiástico, presente no período entre o século XIII e o século XVI, instituído para investigar e punir os crimes contra a fé católica) está relacionada à intolerância, ao fanatismo e à perseguição sem tréguas a tudo e a todos que rejeitassem, suspeitassem, ou mesmo não praticassem os ensinamentos da Igreja Católica. Muitas das vítimas do fanatismo religioso, além dos judeus, foram filósofos, cientistas e mulheres que, acreditava-se, tinham poderes sobrenaturais resultantes da venda da própria alma ao diabo. para a Colônia (1591-1595), os cristãos-novos integraram-se bem à sociedade local: conviviam com cristãos-velhos portugueses e com eles compartilhavam novas experiências, frequentavam igrejas, realizavam negócios e casavam-se entre si.

 

 

Inserção na sociedade local

 

De fins do século XVI a meados do século XVII, vários senhores de engenho de origem cristã-nova viviam na Bahia, e era constituída também de cristãos-novos boa parte da chamada açucarocracia pernambucana, formada por senhores de engenho, traficantes de escravos e grandes comerciantes.

Casamentos de Cristãos-Novos com Índios, Mestiços e Cristãos-Velhos, 1591-1595

 

 

Durante todo esse período, além dos já citados senhores, cujas posses e engenhos os situavam no mais alto degrau da sociedade colonial, havia também os cristãos-novos artesãos, pequenos lavradores, comerciantes, bacharéis, militares e cirurgiões estabelecidos em diversas capitanias.

Apesar da proibição formal da participação na administração da colônia, também havia muitos cristãos-novos ocupando postos importantes, como cargos políticos nas municipalidades e posições de alto escalão na burocracia e no clero.

 

A intolerânica religiosa

 

 

A vida na Colônia não foi sempre fácil para os cristãos-novos. A presença de um visitador da Inquisição incitou denúncias de heresias,e de delitos em geral contra a fé católica. Os motivos das denúncias podiam ser religiosos ou econômicos, mas, por uma razão ou outra, os cristãos-novos viveram longo tempo sob o signo da desconfiança: seriam criptojudeus (judeus ocultos), mantendo o judaísmo às escondidas por várias gerações, ou haviam se tornado bons cristãos? Muitos eram denunciados apenas porque mantinham certas tradições judaicas, embora nem sequer soubessem a origem desses rituais: só na prisão iriam entender, por exemplo, que seguir o costume familiar de fazer pão ou limpar a casa às sextas-feiras era parte da tradição judaica.

 

A liberdade de culto

 

 

A primeira experiência de liberdade para as práticas judaicas ocorreu entre 1630 e 1654, com a invasão holandesa. Nesse período, muitos judeus holandeses, de origem portuguesa e espanhola, estabeleceram-se em Pernambuco, tendo se destacado principalmente no comércio de açúcar e escravos, e pela aquisição do direito de arrecadação de impostos, exercendo funções semelhantes às praticadas há séculos na Europa. Motivados pela chegada desses judeus, muitos cristãos-novos vivendo nas redondezas decidiram declarar abertamente o seu judaísmo.

Mas a liberdade para a prática do judaísmo na Colônia só foi garantida na Constituição do Império do Brasil, 12 anos depois da quebra da intolerância religiosa pelo tratado comercial de 1810, assinado entre Portugal e Inglaterra. Nesse tratado, foi permitida a liberdade de culto dos protestantes, súditos da Coroa Inglesa, que passariam a frequentar os mercados do Reino.

Os efeitos da liberdade religiosa não tardaram a aparecer: ainda nas primeiras décadas do século XIX, comerciantes judeus ingleses e franceses mudaram-se para o Rio de Janeiro. O mais conhecido deles, o francês Bernard Wallerstein, era dono de uma casa de moda feminina e o maior fornecedor da Casa Imperial. Foi imortalizado como um dos personagens de Joaquim Manuel de MacedoRomancista, poeta e dramaturgo, nasceu em Itaboraí (Estado do Rio de Janeiro) em 1820. Fundou, junto com Araújo Porto Alegre, a revista Guanabara, que se tornaria um famoso órgão de divulgação de um movimento literário surgido no Brasil na primeira metade do século XIX (Romantismo). Foi professor de história e geografia do Colégio Pedro II e educador dos filhos da Princesa Isabel. Escreveu, dentre outros: A Moreninha (1844) e Memórias da Rua do Ouvidor (1872)., o "Carlos Magno da rua do Ouvidor".


Francisco Leão CohnFilho de Leão Cohn, que chegou ao Rio de Janeiro por volta de 1810. Seguiu carreira militar na Guarda Nacional, tendo recebido das mãos de Dom Pedro a bandeira do batalhão carioca, que liderou a guerra contra o Paraguai.

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