A inexistência de movimentos antissemitas ou práticas discriminatórias significativas no Brasil contribuiu para a identificação geral dos judeus como brasileiros de classe média e para a manutenção de muitos vínculos que ainda ligam a comunidade judaica.

 

Pouco familiarizados com os hábitos brasileiros e, provavelmente, marcados pela exclusão vivida em suas sociedades de origem, os imigrantes judeus recriaram no Brasil a intensa vida cultural e política de que desfrutavam anteriormente:

  • fundaram jornais, bibliotecas, escolas, sinagogas, associações femininas de ajuda mútua e de apoio a recém-chegados;
  • participaram de agremiações político-partidárias socialistas e sionistas onde disputavam as lideranças, como foi o caso da disputa pela liderança da Biblioteca Scholem Aleichem, que mais tarde se tornaria o centro do movimento judaico progressista no Rio de Janeiro;
  • preocuparam-se em criar instituições que cumprissem a função de unir e fortalecer a comunidade judaica brasileira. Para isso, foi importante o movimento sionista - que visava a somar esforços para a criação do Estado de Israel e fomentar a imigração de judeus para o novo Estado.

 

Por volta de 1950, os judeus já eram parte da classe média brasileira; as comunidades já se voltavam mais para questões nacionais, e seus membros participavam, como quaisquer outros, do processo político por que passava o país.

Tanto é assim que o governo militarDurante o perído autoritário de 1964 a 1984, o poder ficou concentrado nas mãos dos Ministros Militares e do Presidente da República. Desde o primeiro governo ( Castello Branco, 1964-1967), os atos institucionais (AI) e as emendas constitucionais foram utilizados como instrumentos de punição e de repressão às instituições democráticas: fechamento de sindicatos, cassações de mandatos, de direitos políticos e a extinção de associações civis. Foi extinto, também, o pluripartidarismo e estabelecidas as eleições indiretas para presidente. No entanto, as eleições diretas para prefeito (exceto capitais e municípios de segurança nacional) e para o legislativo federal, estadual e municipal foram mantidas. Durante todo o período autoritário, em especial de 1964 a 1974, foi rígida a intolerância do governo com a oposição: além da cassação de mandatos (no caso dos políticos e governantes) e dos direitos políticos, a repressão punia com a prisão e a tortura. em 1964 atingiu duramente tanto brasileiros quanto judeus que faziam oposição ao regime. Com o AI-5Os Atos Institucionais (AIs) foram medidas autoritárias utilizadas pelo governo militar (1964-1984) para garantir a ordem estabelecida pela Revolução de 1964. O AI-5 foi editado em 13 de dezembro de 1968, depois do fechamento do Congresso Nacional, e esteve em vigor até outubro de 1978, tendo sido revogado pela Emenda Constitucional no 11. O AI-5 dava amplos poderes ao Executivo: fechar Casas Legislativas, intervir nos estados e municípios, suspender garantias constitucionais, cassar mandatos; confiscar bens em casos de "enriquecimento ilícito", e suspender o habeas corpus (garantia constitucional de liberdade contra a ameaça de coação ou violência por abuso de poder) nos casos de infração da Lei de Segurança Nacional. e a institucionalização da repressão, houve uma expressiva migração para o Estado de Israel, movimento em geral não muito comum entre os brasileiros, menos apegados à doutrina sionista que seus vizinhos argentinos.

A grande maioria, no entanto, fincou definitivas raízes no Brasil nessa época.


Rubens GerchmanNasceu em 1942 no Rio de Janeiro. Fez seus primeiros estudos no Liceu de Artes e Ofícios e na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. De 1956 a 1966, atuou como profissional gráfico em editoras e jornais do país. A seu respeito, disse Mário Pedrosa em 1967: "Rubens Gerchman parte da redundância, usa os materiais que a civilização da vulgaridade oferece, mas em nome de uma idéia que não visa à criação pelo insólito, e sim a uma participação do Coletivo". Gerchman é um dos neofigurativos mais originais da arte brasileira atual. (AYALA, W. Dicionário de Pintores Brasileiros. Rio de Janeiro: Spala, 1986. v.1.)

 

Familiarizados com a sociedade e os costumes do país, esses judeus brasileiros, assim como já haviam feito os descendentes dos imigrantes sefaradim no início do século, passaram a participar de todas as esferas da vida brasileira. Por conta disso, principalmente a partir da década de 1970, casamentos entre judeus e não-judeus tornaram-se fenômeno comum em todas as grandes cidades brasileiras.





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