Este canal apresenta um breve panorama sobre o processo de ocupação do território brasileiro, com ênfase nas contribuições prestadas por distintos grupos étnicos. Para mais informações, acesse a publicação completa Brasil: 500 anos de povoamento.

Os imigrantes e seus descendentes mantiveram uma forte ligação com a cultura e a sociedade de origem, apesar das pressões no sentido de sua integraçãoPressões governamentais para a integração dos imigrantes Desde o advento do Governo Republicano, foram implementados programas de formação de colônias mistas de povoamento, ou seja, colônias formadas por imigrantes de várias origens, além de brasileiros. O interesse do governo nessas colônias se justificava, dentre outras, por razões relacionadas ao ideal de branqueamento da "raça brasileira", o que se daria por meio da mestiçagem de alemães com outros grupos. Além disso, o poder público se preocupava com a formação de "quistos étnicos" no Brasil. à vida nacional.

De fato, com uma identidade étnicaÉ definida a partir de elementos como a língua falada no âmbito das relações familiares, hábitos familiares e outros costumes, como os padrões alimentares, a valorização do "morar bem" ou "viver bem". bem definida, os alemães, como os outros grupos de imigrantes, também foram assimilados e aculturados pela sociedade local.

Entre eles, pouco a pouco, os traços de germanidade tornaram-se mais débeis. A língua alemã passou a ser falada menos em público. Diminuíram também as atividades das sociedades e clubes recreativos. A educação passou a ser feita na língua portuguesa. Em certos meios, ser alemão passou a assumir uma conotação inferior, de negação ou de exclusão.

 

A escola

 

 

Um dos exemplos mais significativos de resistência culturalA defesa da identidade étnica e cultural das populações de origem ou descendência alemã estabeleceu uma espécie de ideologia, o Deutschtum ou "germanismo". foi a criação e a manutenção de escolas alemãs vinculadas a comunidades evangélicas e católicas nas colônias.

Tendo os imigrantes vivido isolados durante algumas décadas, as primeiras escolas e igrejas foram organizadas por eles mesmos.

Em torno da escola, como também da igreja e de associações, o apego às tradições e a preservação de elementos culturais se estendeu a diversas gerações, persistindo mais ou menos até os dias atuais. Pode-se afirmar que alguns dos elementos de preservação e difusão da língua, identidade e cultura alemãs por parte dos imigrantes e descendentes, referem-se à escola comunitária, à imprensa, à ênfase ao associativismo, à organização das comunidades religiosas, dentre outros.

Estatística das Escolas Alemães no Brasil - 1931

 

Fonte: MAUCH, C., VASCONCELOS, N.(Org.). Os alemães no sul do Brasil: cultura, etnicidade e história. Canoas: Ed. Ulbra, 1994. p.157.
(*) Totais sem confirmação

De uma forma geral, o governo imperial e os governos das províncias não se preocuparam com a educação nas colônias. Assim, as escolas surgiram, sobretudo, para evitar o problema do analfabetismo.

Inicialmente, eles próprios tomaram a iniciativa de estabelecer escolas comunitárias e depois particulares, que, com o tempo, se transformaram em "escolas étnicas". Os professores dessas escolas, a princípio, eram pessoas da colônia, mas, com o desenvolvimento destas, vieram os religiosos, que, muitas vezes, se dedicavam, também, ao ensino. Da Alemanha vieram professores contratados pelos colonizadores para ensinar a ler, escrever e contar e para transmitir valores comunitários e culturais, mantendo assim costumes e tradições.

Por consequência, milhares de descendentes de imigrantes foram instruídos na língua alemã sem o conhecimento da língua oficial brasileira.

Aos poucos, o ensino da língua alemã acabou por estimular o crescimento e a divulgação de publicações de obras literárias e poéticas, de jornais, de revistas e de almanaques, tanto para o interior dos núcleos coloniais quanto para outras províncias, num período que se estendeu até 1939.

O resultado deste processo pode resumir-se no "teuto-brasileiro".

 

A capela

 

 

Assim como a escola, as capelas tiveram grande importância na vida dos imigrantes e descendentes alemães, pois serviam ao mesmo tempo como local de culto, escola e salão de festas. Esta organização em torno da capela remete a outro aspecto semelhante àquele desempenhado pelas associações assistenciais e recreativas: proporcionavam atividades de lazer e, ao mesmo tempo, representavam um lugar de preservação de costumes e hábitos que, aos poucos, foram sendo assimilados pelos brasileiros.


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