Este canal apresenta um breve panorama sobre o processo de ocupação do território brasileiro, com ênfase nas contribuições prestadas por distintos grupos étnicos. Para mais informações, acesse a publicação completa Brasil: 500 anos de povoamento.

A história indígena é uma história de enganos e incompreensões, a começar pelo próprio vocabulário construído no Ocidente para identificar esses povos.

  • Índio: A palavra índio deriva do engano de Colombo que julgara ter encontrado as Índias, o "outro mundo", como dizia, na sua viagem de 1492. Assim, a palavra foi utilizada para designar, sem distinção, uma infinidade de grupos indígenas;
  • Gentio: O coletivo gentio foi utilizado pelos jesuítas. Com o tempo, o vocábulo gentio ou pagão passou a significar o oposto de cristão, pois no entender dos padres, os gentios eram "governados pelo demônio";
  • Inimigos ou contrários: Expressão utilizada para diferenciar os nativos que não pertenciam aos grupos considerados pelos colonizadores como aliados;
  • Negros da terra ou negros brasis: Duas expressões utilizadas pelos grupos escravocratas para designar genericamente os índios e diferenciá-los dos negros da Guiné, outro termo genérico usado, no caso, para os africanos;
  • Índios mansos e índios bravos: No século XIX, surgiu uma nomenclatura mais simplificada para designar as populações nativas: índios mansos, isto é, controlados; índios bravos, a saber, hostis ou bárbaros.

As classificações dos grupos indígenas

 

Para identificar melhor os índios, os colonizadores os classificaram em Tupi (ou TupinambáEtnônimo, ou seja, nome de povos ou de tribos muito utilizado pelos etnólogos quase como sinônimo de Tupi.) e Tapuia.

  • Tupis designava os povos que, pela semelhança de língua e costumes, predominavam no litoral no século XVI.
  • Tapuias correspondia aos "outros" grupos. Isto é, aos que não falavam a língua que os jesuítas chamaram de "língua geral" ou "língua mais usada na costa do Brasil", como se expressou Anchieta, o primeiro a compor uma gramática da língua tupi.

Portanto, nunca houve um grupo cultural ou linguístico "tapuia". Este é um vocábulo tupi utilizado para designar os povos de outros troncos ou famílias linguísticas.

Essa classificação foi muito importante para o registro das informações sobre os índios produzidas pelos portugueses, franceses e outros europeus. Sem os relatórios dos colonizadores, as crônicas dos viajantesOs viajantes que passaram pelo Brasil deixaram uma herança inestimável para o conhecimento de nossa terra. Graças a estes registros, como desenhos, textos, levantamentos dos aspectos físicos e dos recursos naturais e as representações cartográficas, podemos saber mais sobre a nossa história e nosso território desde o século XVI, mesmo que aos olhos de estrangeiros. Alguns dos mais conhecidos viajantes que por aqui passaram no século XVI foram Hans Staden, André Thevet e Jean de Léry. Outros aqui estiveram nos séculos seguintes e cada um deles deixou registros valiosos, como no caso de Kurt Unkel, que esteve no Brasil entre 1903 e 1907, tendo sido rebatizado pelos índios como Kurt Niemiendaju, que quer dizer, "o ser que cria, ou faz, o seu próprio lar". Kurt Niemiendaju ficou mais conhecido pelo Mapa Etno-Histórico, fruto de registros da quase totalidade das tribos indígenas do Brasil., a correspondência dos jesuítas e as gramáticas da "língua geral"Língua geral era a língua falada pelos tupis e, como se expressou Anchieta, a língua mais usada na costa do Brasil. e de outras línguas, quase nada se poderia saber sobre os nativos, sua cultura e sua história.

 


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