A longa permanência do negro no Brasil acabou por abrasileirá-lo.
De um lado, o africano se tornou ladino e tornou seus filhos crioulosNegros nascidos no Brasil. e mestiços de várias espécies: mulatoMestiço de negra com branco., pardoÉ uma das opções oferecidas no questionário do Censo Demográfico quando se pede às pessoas para declararem a sua cor ou raça., cabra, caboclo. A crioulização e a mestiçagem são temas inevitáveis da história do negro no Brasil.
De outro lado, raros são os aspectos de nossa cultura que não trazem a marca da cultura africana. O assunto já foi muito tratado por historiadores e antropólogos, que estudaram dos negros a família, a língua, a religião, a música, a dança, a culinária e a arte popular em geral.
Confira as parcelas de negros e pardos na tabela abaixo, que representa a distribuição da população brasileira segundo a corO Censo Demográfico classifica as pessoas segundo a cor ou raça, que é declarada pela própria pessoa de acordo com as seguintes opções: branca, preta, amarela, parda ou indígena..
Evolução da população brasileira, segundo a cor - 1872/1991
Cor | 1872 | 1890 | 1940 | 1950 | 1960 | 1980 | 1991 |
---|---|---|---|---|---|---|---|
Brancos | 3787289 | 6302198 | 26.171.778 | 32027661 | 42838639 | 64540467 | 75704927 |
Pretos | 1954452 | 2097426 | 6035869 | 5692657 | 6116848 | 7046906 | 7335136 |
Pardos | 4188737 | 5934291 | 8744365 | 13786742 | 20706431 | 46233531 | 62316064 |
Amarelos | 0 | 0 | 242320 | 329082 | 482848 | 672251 | 630656 |
Sem declaração | 0 | 0 | 41983 | 108255 | 46604 | 517897 | 534878 |
Total | 9930478 | 14.333.915 | 41236315 | 51944397 | 70191370 | 119011052 | 146521661 |
Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Brasil: 500 anos de povoamento. Rio de Janeiro: 2000.
A partir da segunda metade do século XIX, a população negra e mestiça cresceu, mas não como decorrência de alforriasLibertação de qualquer jugo ou domínio. Alforrias de escravos negros e, sobretudo, mestiços existiram desde os primeiros tempos do escravismo e mesmo desde a segunda metade do século XVII. Mas foi a partir do século XVIII que uma notável população livre de cor começou a emergir, trazendo inclusive preocupação política a autoridades de várias regiões, como Minas Gerais e Nordeste, que viam naquela população, em particular, nos pardos, cheios de vontade de ascenção social, uma ameaça política à sociedade colonial. As alforrias favoreciam preferencialmente os escravos nascidos no Brasil, mais próximos das redes afetivas senhoriais (facilitando alforrias gratuitas) e das oportunidades econômicas da escravidão (facilitando alforrias pagas)., e sim devido a um crescimento natural: era gente livre tendo filhos livres. A população livre "de cor", sobretudo os afromestiços, chegou a constituir parcelas expressivas das camadas urbanas.